Quero guardar e
aprofundar esta lição na minha vida. Quem me ofertou de modo gratuito e
espontâneo foi uma pessoa que é transexual e vive em trajetória de Rua. Não
citarei seu nome, pois não sei se posso fazê-lo. Por sinal, uma pessoa de garra e muita força,
além de ternura. Enquanto eu preenchia o
crachá dela para o Encontro, vi que havia escrito seu nome com a primeira letra trocada, então, lhe
pedi desculpas e ela sorrindo me
respondeu: “não se preocupe amada, o importante é a essência”.
Na essência
somos todos iguais!
E porque então,
a desigualdade, os privilégios e preconceitos? Esquecemos que somos da mesma
essência.
Podemos nomear
esta essência como dignidade. Infelizmente parece que alguns se acham mais
digno que outros. Talvez porque perderam sua essência. Trocaram por poder,
dinheiro, status.
E aqueles e
aquelas que são ultrajados em sua dignidade?
Resistem!
E na falta de
direitos, na violência do preconceito e da exclusão sinalizam que o importante
é a essência. Como diz Anita do Movimento da População de Rua: “Que é isso?
Somos seres humanos, temos carne, osso e sangue!”
Na contramão da
vida, uma cultura de consumo e de privilégios dita aos quatro cantos que o
importante é a aparência. Na aparência nos enganamos, tapeamos e nos
corrompemos.
Na aparência
nos esquecemos quem somos e podemos deixar de ser sujeitos e tornar objetos.
Aí, todos os demais também deixam de ter dignidade e se tornam mercadorias.
Ao contrário da
essência, na aparência os demais se tornam invisíveis, inimigos, culpados,
coisas.
Urge que a
essência vença a aparência! Que nossa dignidade nos permita reconhecer a
dignidade do outro.
Que os pobres
continuem a nos evangelizar e que nos abramos à conversão, ao encontro, a
solidariedade e a construção da equidade e da paz. Porque o importante é a
essência.
Joseilda Borges
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