Quem somos

A FASFI – Fundação de Ajuda Solidária Filhas de Jesus é uma organização civil, não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2003, na Espanha. No Brasil, apresenta-se como uma filial e conta com a participação de leigos voluntários e colaboradores, independentemente da crença religiosa. Essa fundação faz parceria com as irmãs Filhas de Jesus e busca globalizar a solidariedade.

domingo, 28 de outubro de 2012

Para não esquecer o massacre de Felisburgo

CRUZEIRO DO SUL... CRUZEIRO DE FELISBURGO!
                                                                                                  

Identificada desde os tempos de Cabral, quando o astrônomo da esquadra, João de Faras, foi o primeiro a documentar a existência da constelação em forma de cruz, em 1500, somente em 1617, através de estudos realizados por Augustim Royer, foi estabelecido o nome de Cruzeiro do Sul.

 Passados 395 anos desse batizado, a partir de 20 de novembro de 2012, data que marca os oito anos do massacre de Felisburgo, uma cidade do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a constelação Cruzeiro do Sul  passará a se chamar Cruzeiro de Felisburgo.




Na oportunidade, serão renomeadas, também, cinco estrelas da constelação, para que não caia no esquecimento as circunstâncias do massacre que, em nome de interesses latifundiários, aniquilou covardemente a vida de cinco trabalhadores sem terra.


O nome que inspirou cada estrela fazia referência à intensidade do brilho, nossa referência será o tempo de vida de cada trabalhador morto no massacre de Felisburgo, em 20 de novembro de 2004.
·       Estrela de Magalhães, conhecida por ser a mais brilhante, localizada na parte inferior do braço mais extenso da cruz, passa a simbolizar o trabalhador de mais idade, Francisco Ferreira Nascimento, 72 anos, morto com cinco tiros no peito;
·       Mimosa, a segunda mais brilhante, representa um dos lados do braço menor da cruz e passa a simbolizar Juvenal Jorge da Silva, 65 anos, morto com três tiros no peito e na barriga;
·       Pálida, que na denominação inicial recebeu esse nome por ser a estrela de menor intensidade de brilho da cruz, compõe um dos lados do braço menor e passa a simbolizar Miguel José dos Santos, 56 anos, morto com 13 tiros no peito e abdômen;
·       Rubídea, de coloração avermelhada, representa a parte superior do braço maior da cruz e a partir de hoje simbolizará Joaquim José dos Santos, 48 anos, morto com oito tiros no peito e abdômen;
·       Intrometida, a quinta estrela do Cruzeiro do Sul, recebe essa denominação por não integrar diretamente a formação da cruz. É menos brilhante que a Pálida; no entanto, é de fundamental importância, pois facilita a localização da constelação e passará a simbolizar o jovem Iraguiar Ferreira da Silva, 23 anos, morto com três tiros no peito.
Chama atenção o fato de que, além da presença no espaço celeste nos orientando a cada dia, o Cruzeiro de Felisburgo também tem seu lugar de destaque na bandeira do Brasil, no brasão que simboliza a República Brasileira, dentre outros símbolos. Isso nos faz lembrar de nossa responsabilidade, como Estado e como nação.
O massacre de Felisburgo, como ficou conhecida essa chacina, além dos 5 mortos, atingiu outras 17 pessoas, que  foram baleadas, entre elas, uma criança de 12 anos. A comunidade do Acampamento Terra Prometida vive com a amarga lembrança dos disparos, do fogo em barracas, móveis e objetos pessoais, nas lavouras... na escola local.
O Cruzeiro de Felisburgo, para sempre no céu, não nos deixará esquecer esse massacre, que completa 8 anos em 2012, e nos motiva a acreditar na justiça que virá com a força da condenação dos culpados e com a garantia do direito à terra.


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Maria José (Deka) Brant, assistente social, é voluntária da FASFI Brasil, grupo que compõe o Comitê Justiça para Felisburgo. Saiba mais em http://fasfibrasil.blogspot.com.br . Email: fasfibrasil@gmail.com

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