Quem somos

A FASFI – Fundação de Ajuda Solidária Filhas de Jesus é uma organização civil, não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2003, na Espanha. No Brasil, apresenta-se como uma filial e conta com a participação de leigos voluntários e colaboradores, independentemente da crença religiosa. Essa fundação faz parceria com as irmãs Filhas de Jesus e busca globalizar a solidariedade.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Universalidade no Universal


           Na missa hoje me veio muito presente que a experiência da universalidade se dá a partir da comunhão com o Senhor. É n’Ele que somos irmãos com todos, é n’Ele que somos com toda a criação. Só n’Ele a universalidade se torna um movimento de comunhão e não apenas um espaço geográfico ou cultural.


É nesta comunhão que encontramos o amor, a fraternidade que podem de fato nos inserir em uma realidade respeitando as diferenças, acolhendo o outro em sua dignidade e nos dá a abertura para deixar o outro ser outro, acolhendo o dom e dialogando com os conflitos naturais e superficiais do encontro.

Penso que a universalidade também é dom e esforço contínuo por ser o que somos sem precisar que o outro deixe de ser quem é. Não seremos o outro e nem o outro deve ser como nós. É uma relação de entendimento sem abolir as liberdades para que nasça aos poucos um caminho de encontro e de convívio das diferenças, dos dons e dos limites de cada parte. Caminho muito difícil a percorrer.
Entendo que as teorias, os estudos culturais, sociais e etc. são ferramentas importantes nesta busca do conhecimento entre culturas. Contudo, para mim elas necessitam  de um sentido maior que nos possibilite ir além do estabelecido, do posto, da lógica, do “civilizado”, do já pensado, dos rótulos e tabus, do meu... Para avançar no apreender, compreender, no experimentar, no ser... Para além de nós mesmos e de nossos conceitos mesquinhos e superficiais. Para não corremos o risco de colonizar o outro, como diz Saramago: “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”.

Pode se pensar várias coisas que poderiam minimizar esses riscos: ética, moral, ciência... Ainda assim para mim, falta algo que nasce de um pequeno princípio que deve ser levado até as últimas conseqüências e sem exceções para todos os seres: a dignidade. E que desemboca n’Aquele que me possibilita sair para além de mim mesma e que ultrapassa todo o conhecido e experimentado: o Criador.

Esse Criador que poderia estar aparentemente longe e inatingível, nos é revelado no Homem Jesus. É nesta experiência de encarnação do transcendente no iminente numa ação fecunda do Espírito que se abre a possibilidade, enquanto experiência mística de fé, de uma comunhão com todo o criado. Que mistério eloqüente e fascinante! É realmente dom.

Percebo que a aproximação deste Mistério no concreto da vida e enquanto experiência vivida na carne e no cotidiano poderá trazer luzes às sombras que assombram as relações de diálogo e de encontro de culturas, de seres em dignidade. Esta comunhão com Aquele que é Universal poderá nos recolocar de uma maneira mais coerente e mais humanizada com o outro porque estaremos no mesmo círculo de dignidade e de sermos todos criados no mesmo amor.


Podemos até pensar isso é inatingível. Realmente nossas fragilidade e incoerência são assustadoras. Mas, quando vejo alguns sinais, de novo acredito ser possível. Sinais estes que podem se manifestar de maneira sutil e ao mesmo tempo marcante quando trato o outro com respeito mesmo não concordando com sua maneira de pensar; quando calo diante de sua maneira grosseira de dizer as coisas; quando não me torno seu inimigo, mesmo abominando seus atos... Quando as relações se dão em nível de seres em dignidade, não havendo senhores e nem servos. Quando as diferenças culturais não são justificativas para oprimir ou dominar. Ao contrário são relações dialogantes de fraternidade e de humanidade. Gigantesco aprendizado!

Que a Santa Trindade venha em socorro de nossas fraquezas, de nossas debilidades e de nossas incoerências e pecados. Que Ela mesma nos dê a graça da comunhão com as criaturas no Criador. Graça a ser pedida insistentemente e com muita fé a todo o momento e até o último momento.

Joseilda Borges
Moçambique, novembro de 2012

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