Quem somos

A FASFI – Fundação de Ajuda Solidária Filhas de Jesus é uma organização civil, não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2003, na Espanha. No Brasil, apresenta-se como uma filial e conta com a participação de leigos voluntários e colaboradores, independentemente da crença religiosa. Essa fundação faz parceria com as irmãs Filhas de Jesus e busca globalizar a solidariedade.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

“Dire(i)to do Lixo”




Indo para uma Praça que tem o nome de Liberdade, fui surpreendida por uma pessoa que me pareceu estar em situação de Rua. Ele caminhou ao meu lado falando com muita força e dando de mãos. A princípio não entendi bem. Mas, na parada do sinal ele se aproximou mais e me dizia: “eu agradeço, quando me dão eu agradeço... Quero agradecer aquela mulher que me deixa comer os restos do coco que vão para o lixo, porque é direito do lixo. Então, eu posso comer!” E dizendo isso se precipitou entre os carros com o sinal ainda fechado, falando muito e gesticulando. Eu apenas pude dizer-lhe: “cuidado!”
Ressoava como badaladas a expressão “direito do lixo”.
Foi o que sobrou para este ser humano. Quando faltam os Direitos Humanos, sobra o “direito do lixo” e esse ninguém vai lhe querer tirar.
Estamos diante da desumanidade.
A face cruel e invisível da nossa sociedade que criminaliza os direitos humanos e faz a defesa de seus próprios interesses. Alguns gritam, parece que  para impor uma situação discrepante, que Direitos Humanos é coisa de bandido. Ignorância ou má fé?  Porque a saúde, a educação, o lazer, e,  inclusive a propriedade, são direitos humanos. E assim, querem jogar os Direitos Humanos no lixo. Direitos Humanos passa a ser o direito negado ao outro, desde que não seja o meu.
Será que existem pessoas que podemos classificar como não sendo humanos? É a face mais abjeta da pobreza, quando atinge o ser humano na sua dignidade. Isso sim, é desumanidade. Tiram-lhe tudo! E ainda assim, os seres humanos corretos e cheios de oportunidades e dinheiro, exigem deste deserdado uma mudança de vida, que não pode vir se não houver acesso a direitos.
Não estou afirmando que a falta de acesso a direitos seja justificativa de qualquer coisa. Afirmo que os Direitos Humanos é a via que pode possibilitar uma sociedade mais justa e equitativa. A começar pelo cuidado à dignidade da Pessoa Humana que é a essência de todos nós. Especialmente das pessoas que por conta da história de desigualdades, da exploração e da falta de acesso a direitos vivem em situações de extrema vulnerabilidade social e humana.
Nestas nossas reflexões sobre a Pobreza, a luta por direitos é a possibilidade plausível e fundamental para uma sociedade mais inclusiva, justa e solidária.
Existe uma dimensão cotidiana de construção da dignidade e da cidadania que cabe a todos nós.  
Mas existe também uma (des)construção cotidiana que a cada dia opera com mais intensidade no Congresso Brasileiro que, na contramão da garantia de direitos vem defendendo e impondo uma agenda de retrocessos como a questão da terceirização e  a redução da maioridade penal.
Direito do lixo, direito no lixo, direito que se não chega ameaça vidas.
Que a palavra desta pessoa que cruzou meu(nosso) caminho sirvam de provocação e inspiração para que cada um de nós se volte para construção de uma sociedade mais digna, onde os direitos não sejam resgatados da nossa “lixeira social contemporânea”.
Tenho a ver com isso! Temos a ver com isso!
A FASFI Brasil, neste contexto, convida a todos para seguirmos alerta e vigilante na defesa da dignidade da vida humana, onde ela estiver mais ameaçada. Contribuindo com ações e reflexões, vamos fazendo parte desta rede de sentidos e convicções em favor dos Direitos Humanos.


Joseilda Borges, FI

30 de junho de 2015
Belo Horizonte-MG

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