Avançando
na temática da pobreza que nos propomos refletir, pensamos em dialogar mais
sobre esta palavra que povoa a realidade e o imaginário social. Às vezes ela é
apenas manchete, outras é apenas lamentação ou pena, outras ainda com indiferença
e preconceitos estampados ou sutis. É fato que é intranquilo e complexo esta
discussão.
O conceito
de pobreza segundo Amartya Sen (1999), apud Crespo e Gurovitz, nos diz
que a pobreza “pode ser definida como uma privação das capacidades básicas de
um indivíduo e não apenas como uma renda inferior a um patamar
pré-estabelecido”[1],
nos provoca a ir além do econômico e
adentrar nas esferas sociais, políticas, jurídicas, humanas. Compreender
o fenômeno da pobreza numa rede de interesses, dinâmicas, desafios e sentidos.
A pobreza também é um acontecimento e não só
um dado: nasceu pobre, o país é pobre, aquela cidade é pobre. Há interesses e
elementos importantes a serem considerados antes de determinar a pobreza e mais
ainda, antes de violentar o pobre.
O QUE OU QUEM
A PRODUZ OU APROFUNDA?
Consideramos
essencial nesta discussão que ao buscar compreender ou ir contra a pobreza, não
rechacemos o pobre. É por considerá-lo e
levá-lo em conta que a complexidade e a
profundidade deste tema poderá trazer novidades, desafios e também
possibilidades.
A justa distribuição
dos bens e a equidade entre os sujeitos de direitos são pontos nevrálgicos quando falamos de
diminuição da pobreza. E nesta direção os caminhos convergentes são diversos:
dignidade humana, cidadania, emancipação.
E porque se
falar em alternativa?
Quando
ligamos pobreza e alternativa, pobreza não é miséria. Pobreza pode ser um lugar
simbólico. No qual se tece sentidos, caminhos compartilhados e o valor da
coletividade. Grandes personalidades que revolucionaram nosso mundo viam na
pobreza não só um jeito de ser, mas uma alternativa de vida e de mudança de
estrutura social.
O que
queria dizer Jesus com: “bem-aventurados são os pobres”? Estará implícita aqui alguma alternativa?
Estamos
todos muitos ricos. Ricos de si, de discriminação, preconceitos, divisões de
classe, de “poderes”, de competitividade, de consumo, de coisas. Precisamos de
bem-aventuranças, de inclusão, compaixão, simplicidade, de gente. Carecemos de
humanidades!
Pobreza: o
que tenho a ver com isso?
[1]
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – A POBREZA COMO UM FENÔMENO MULTIDIMENSIONAL Antônio
Pedro Albernaz Crespo – Elaine Gurovitz. http://www.scielo.br/pdf/raeel/v1n2/v1n2a03.pdf.
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