Quem somos

A FASFI – Fundação de Ajuda Solidária Filhas de Jesus é uma organização civil, não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2003, na Espanha. No Brasil, apresenta-se como uma filial e conta com a participação de leigos voluntários e colaboradores, independentemente da crença religiosa. Essa fundação faz parceria com as irmãs Filhas de Jesus e busca globalizar a solidariedade.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Assim caminha a humanidade!


A FASFI no Brasil compartilha este texto neste momento delicado onde o olhar humanizado que nos une torna-se a ferramenta da transformação social que queremos!


Com qual lente vou?

É na infância que as grandes referências de relações humanas, de civilidade, de contenção de impulsos e tantas outras se dão. Herdam-se dos pais e dos familiares costumes e tradições. São dadas àquele que chega "as lentes" que lhe permitirão enxergar o mundo, certamente, numa determinada perspectiva, considerada pela família como sendo "a melhor ou a verdadeira". Esta é, na maioria das vezes, uma impressão forte e uma marca poderosa no caráter dos filhos, tanto que de muitas formas e em muitas áreas, para o bem e para o mal, "ainda somos e vivemos como os nossos pais".
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A escola é outra grande referência, contudo porta uma saudável e pedagógica diferença. Mesmo sendo "particular", é sempre espaço público, coletivo, partilhado, compartilhado e universal, pelo fato de reunir diferentes indivíduos provenientes de diferentes famílias, que ostentam, cada uma a seu modo, sua lente. No convívio do ambiente escolar é inevitável, entre crianças, jovens e adultos, a mistura das lentes, e isso se dá pela sociabilidade. Os estudantes passam a ter ciência de por que e como o outro pensa, sofre ou vive suas dores, celebra suas festas ou professa a sua fé. Eles também aprendem que, para existir, não é preciso quebrar ou diminuir a lente do outro. É possível conhecer outras culturas e tradições e continuar com a sua própria lente, tanto que, antes de irem embora para casa, cada um a retoma. É um exercício que testa, qualifica e aperfeiçoa a lente, que fica cada dia mais límpida e com maior alcance.
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Esta possibilidade que a sociabilidade traz é inevitável e, ao mesmo tempo, aterrorizante para alguns que temem perder, na vida dos filhos, território para outras referências. Será ainda cedo para falar ou ver isso ou aquilo? Ele está preparado para esta convivência? No fundo, teme-se uma contaminação.

Temos três caminhos.
O primeiro é a indiferença com tudo aquilo que acontece na vida dos filhos. "Deixe que a vida cria". Não é bem assim. Há um dever que pertence aos pais, qual seja, conversar sobre as pequenas grandes coisas que povoam a vida do filho. Conversar, fornecer elementos de análise e encorajar, nunca viver ou percorrer por eles. Uma segunda possibilidade é segregar. Podemos chamar de a síndrome da bolha. Algumas famílias optam, inclusive, pelo modelo homeschooling, com uma educação feita totalmente em casa, numa tentativa de blindar convivências ou influências não desejadas. O terceiro caminho é estar onde a vida real acontece. Enquanto caminhamos é que tecemos a vida. Fico com esta última opção.
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A vida não era fácil para nós, diria até que com um grau de perversidade nas relações muito mais elevado que os atuais. Nosso enfrentamento era, inclusive, físico. Sempre havia o "vou te pegar no final"! Aprendíamos na marra e com coragem, a elaborar "a dor de ser o que éramos". Nossos pais eram sólidas colunas e não detetives ambulantes de nossas vidas. Cá estamos nós! Fracos? Acredito que não.
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Hoje transmitimos insegurança e medo, que são nossos, para nossos filhos. Poupamos-lhes a oportunidade de ver, ouvir, relacionar e sempre postergamos com a desculpa de que ainda não é tempo. Se queremos filhos fortalecidos, definitivamente não será o isolamento a melhor estratégia. Evitar, poupar, esconder, ocultar é uma forma de enfraquecer. Não há dia de começar, aliás, começou no dia que nascemos; no parquinho quando alguém diz que seu pai é pobre ou que sua mãe é feia; aos 10 anos, quando escuta que sua religião é careta; na adolescência quando lhe oferecem droga ou lhe falam de sexo. Chega a fase adulta. E agora José? Com qual lente eu vou?

Aleluia Heringer Lisboa Teixeira
Diretora do Colégio Santo Agostinho-Contagem-MG
Fonte: ESTADO DE MINAS 16/06/2017 

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